terça-feira, 22 de maio de 2012

A farsa da capacitação

Pesquisas da FVC mostram que os coordenadores que fazem formação na escola ainda são raridade

Preparar reuniões periódicas de formação continuada para os professores da unidade escolar é a principal atribuição do coordenador pedagógico, certo? No papel, é exatamente isso. Na prática, porém... Duas pesquisas encomendadas pela Fundação Victor Civita (FVC) demonstram que, além de muitas escolas ainda não contarem com coordenador pedagógico, ele não recebe capacitação específica para assumir esse papel de formador da equipe docente - e que as políticas públicas implementadas pelas redes de ensino não estão auxiliando as escolas e os professores em suas reais necessidades. 

No primeiro estudo, O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições, supervisionado por Cláudia Davis, da Fundação Carlos Chagas (FCC), e coordenado por Vera Maria Nigro de Souza Placco, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), fica claro que existem muitas leis e regulamentações - em nível federal, estadual e municipal - que definem o papel esperado para esses profissionais, com ênfase para a questão da formação continuada dos professores dentro das unidades escolares. Porém as 500 entrevistas realizadas para a pesquisa não deixam dúvida: inúmeras tarefas do cotidiano escolar, que poderiam ser executadas por outros funcionários, como a resolução de conflitos entre alunos e o atendimento aos pais e à comunidade, acabam por dominar a agenda dos coordenadores (veja dados sobre o perfil desses educadores nos gráficos abaixo). 

Para a realização do segundo trabalho, A Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas, coordenado pelas pesquisadoras Cláudia Davis, Marina Muniz Rossa Nunes e Patrícia Cristina Albieri de Almeida, da FCC, foram ouvidos representantes de 19 Secretarias de Educação (seis estaduais e 13 municipais) com o objetivo de identificar quais são os cursos que as redes de ensino oferecem aos coordenadores pedagógicos e aos professores. E a conclusão é que, ainda que seja possível observar um avanço nos modelos de formação continuada, essa prática ainda está aquém do desejado. 

"O ideal é que os coordenadores pudessem comandar o trabalho pedagógico na escola, orientar a formação da equipe docente, segundo as demandas da realidade local, e liderar a elaboração do projeto político-pedagógico (PPP)", diz Vera. "Porém sua função se tornou muito abrangente, envolvendo assuntos de caráter disciplinar e questões relativas ao entorno."
Gráficos: Fabio Lucca

 

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